quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Oração para não incomodar ninguém


Senhor!... Concede-me, por misericórdia, o dom de contentar-me com o que tenho, a fim de fazer o melhor que posso.
Ensina-me a executar uma tarefa de cada vez no campo das minhas obrigações, para que eu não estrague o valor do tempo.
Livra-me da precipitação e da insegurança, de modo que não busque aflições desnecessárias ante o futuro, nem me entregue à inutilidade no presente.
Dá-me força de esperar com paciência a solução dos problemas que me digam respeito, sem tumultuar o caminho dos que me cercam.
Ajuda-me a praticar o esquecimento de mim mesmo, auxiliando-me a fazer pelo menos um benefício aos outros, cada dia, sem contar isso a ninguém.
Se este ou aquele companheiro me aborrece, induze-me a olvidar o que passou, sem dar conhecimento do assunto aos que me rodeiam.
Ensina-me a não condenar seja quem for e, quando algum apontamento injurioso ou alguma nota de crítica malévola vierem-me à cabeça, ampara-me a fim de que eu tenha recursos de dissipá-los em silêncio, no plano de meus esforços imanifestos.
Impele-me a calar toda queixa em torno das provas e empecilhos da vida, para que eu não perturbe os que me compartilham a estrada.
Auxilia-me a conservar boa aparência tanto quanto o espírito isento de culpa, a falar com voz calma, sustentar bons modos e perder o hábito de dizer dos outros sem necessidade.
E ajuda-me, Senhor, a viver na obediência aos meus deveres e compromissos, trabalhando e servindo, para não incomodar a ninguém.

Assim seja!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

VAIDADE RELIGIOSA





Ramakrishna, um dos maiores avatares que a Humanidade já conheceu, dizia que “podem desaparecer gradualmente as vaidades comuns a todos os homens, mas difícil de morrer é a vaidade de um religioso a respeito da sua religiosidade”.

Analisando o sábio conceito, observamos, no entanto, que maior vaidade existe no religioso não em relação aos demais religiosos, adeptos de crenças diferentes da que ele professa, mas sim em relação ao seu entendimento dos preceitos doutrinários que abraça, que considera superior ao entendimento de seus próprios irmãos de fé.

Vejamos se conseguimos ser mais claros no que pretendemos dizer.

Por exemplo: até certo ponto, compreende-se a rivalidade entre os adeptos de duas crenças religiosas, em suas interpretações da Verdade, por vezes absolutamente antagônicas uma à outra, através de princípios praticamente inconciliáveis. Como, porém, compreender-se o ódio com o qual, não raro, um espírita se lança contra outro, apenas e tão somente porque, sobre determinado tema, possuem um ângulo de visão um pouco diferente entre si?!

Numa Casa Espírita há quem, frequentemente, discuta – e discuta feio! – por conta do passe, da reunião mediúnica, da tarefa assistencial, cada qual buscando, vaidosamente, a primazia de seu ponto de vista.

No Movimento Espírita, infelizmente, a vaidade campeia, nos deixando profundamente envergonhados e entristecidos conosco mesmos, que falhamos nas mais comezinhas demonstrações de nossa fé.

Debaixo de estranha fascinação, muitos comparecem a essa ou àquela reunião apenas com o propósito de discordar do companheiro que, no fundo, está procurando fazer o melhor ao seu alcance, preocupado com o conteúdo, e não com o rótulo.

Muitos outros, a fim de continuarem vinculados às atividades de seus respectivos grupos, impõem certas condições:

- Tem que ser do meu jeito, ou eu me afasto...

- Eu sou o fundador desta Casa – coloquei muito dinheiro do bolso aqui...

- Sou o mais antigo frequentador e não aceito que passem por cima de minha autoridade...

- Aqui quem toma todas as decisões sou eu – não acato nem a palavra do Guia...

A vaidade de um espírita a respeito de seus conhecimentos, ou pseudoconhecimentos, é muito difícil de morrer, e mesmo quando morre, durante muito tempo, permanece mumificada... Como falou Ramakrishna, é mais fácil que lhe desapareça qualquer outra vaidade comum!

Daí a necessidade de nos empenharmos, com todas as forças do espírito, para que o Espiritismo, em nossas existências, não seja mais um pedestal para as ilusões efêmeras que buscamos, das quais, evidentemente, haveremos de nos arrepender amargamente.

Feliz, pois, do espírita cujo único propósito na Doutrina, a cada dia, já seja o de tão somente servir, incondicionalmente, à Causa do Evangelho Redivivo, sobre o homem velho que resiste em “morrer” dentro de si lançando mais uma pá de cal!...



INÁCIO FERREIRA