sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Prece de Cáritas...

Prece de Cáritas
 
Deus nosso Pai,
que Sois todo poder e bondade,
dai força àqueles que passam pela provação,
dai luz àqueles que procuram a verdade,
e ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
Deus,
dai ao viajante a estrela Guia,
ao aflito a consolação,
ao doente o repouso.
Pai,
dai ao culpado o arrependimento,
ao espírito, a verdade,
à criança o guia,
ao órfão, o pai.
Que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criaste.
Piedade, Senhor, para aqueles que não Vos conhecem, e
esperança para aqueles que sofrem.
Que a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores,
derramarem por toda à parte a paz, a esperança e a fé.
Deus,
um raio, uma faísca do Vosso divino amor pode abrasar a Terra,
deixai-nos beber na fonte dessa bondade fecunda e infinita, e
todas as lagrimas secarão,
todas as dores acalmar-se-ão.
Um só coração, um só pensamento subirá até Vós,
como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha,
nós Vos esperamos com os braços abertos.
Oh! bondade, Oh! Poder, Oh! beleza, Oh! perfeição,
queremos de alguma sorte merecer Vossa misericórdia.
Deus,
Dai-nos a força no progresso de subir até Vós,
Dai-nos a caridade pura,
Dai-nos a fé e a razão,
Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas
O espelho onde refletirá um dia a Vossa Santíssima imagem.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"Sugestões Mentais" / Roque Jacintho / Revista Reformador Fevereiro de 1965.

Em todos os planos que o homem amadurece, ele inscreve o êxito como seu ponto de chegada.

Por isso, o insucesso, tão frequente em todos os caminhos da existência, geralmente se levanta por surpresa dolorosa que o acolhe num determinado ponto de suas realizações individuais ou coletivas, provocando-lhe enorme desalento, porque raramente o homem examina com frieza as adversidades naturais em toda e qualquer empresa.

Antevivendo a vitória, numa ruidosa manifestação íntima, ritual'>espiritualmente está desajustado para as aparentes derrotas, as quais mais não são que avisos de retificação no caminho tomado, em função da necessidade de ascensão ritual'>espiritual a que todos nos destinamos.

Ele também caíra, contra todas as suas expectativas menos otimistas, e estava mergulhado nesse estado mental depressivo do desengano, sentindo o gosto desagradável dos problemas.

Tentara reerguer-se e, contra todas as suas suposições, não conseguia reencontrar-se na galeria os vencedores materiais, de que fora brusca e inesperadamente alijado!

Tensão nervosa.., cólera... mágoa imensa! Espíritos obsessores encontraram as portas de seu coração inteiramente abertas, com acesso facilitado, e ali começaram a deitar a semente do suicídio, ampliando-lhe, a pouco e pouco, as reflexões derrotistas. Parecia-lhe não haver nenhuma alternância a mais; nenhum outro recurso para o equilíbrio... Diziam-lhe e mostravam-lhe o fracasso, mais o fracasso, somente o fracasso!

Cada conversação que se suspendesse à sua chegada, ou sussurros que ele não pudesse aclarar — pareciam-lhe criticas e punhaladas de ironia, que lhe desfechavam em surdina.

Mas, ele lutava, tentando a reação. Era espírita convicto. Precisava vencer a depressão mental resultante do amor-próprio ferido, da humilhação experimentada, da falta de numerário até para condução coletiva!

E o obsessor surgiu-lhe à frente: — Você é espírita. Conhece bem as leis da Espiritualidade. Pode, por razão de seus conhecimentos, do lado de cá, muito mais facilmente do que aí, desembaraçar-se das dificuldades. Você não pode deslustrar ou manchar a sua doutrina. Preferível é o suicídio nobre, o sacrifício valoroso, para a que sua queda não venha macular o Cristianismo Redivivo. Interrompe esta existência, e reiniciará outra depois de retemperar-se! Afinal, Você sabe que temos aqui o Instituto de Recuperação dos Suicidas Justificados...

Mas, ele sacudiu de si as insinuações.

Sabia — avivaram-lhe os Mentores Espirituais — que o suicídio jamais se justifica, por ser uma deserção voluntária do cadinho de provas, as quais te apresentam na pauta da Vida para testar-nos as aquisições incorporadas no patrimônio do Espírito.

E sabia que, por conhecer o seu ponto de chegada na Vida Eterna e as leis que regem a sua caminhada em direção do aperfeiçoamento ritual'>espiritual, nada o autorizava a aceitar o abandono das dificuldades.

Se desempenhava tarefas no Espiritismo-cristão, a Doutrina não sofreria pelos problemas econômicos e financeiros que ele vivia, porque ela estava codificada justamente para servi-lo em sua infância ritual'>espiritual e para orientá-lo sempre, e não para exigir-lhe o holocausto, em seu nome, qual se fora um Moloc a exigir o sacrifício de vítimas para aplacar a sua biliosidade de gênio virulento do mal.

Caíram assim, as argumentações sutis, as sugestões mentais da Espiritualidade inferior, aparentemente lógicas, mas que nunca resistem a uma análise fria ajustada aos quadros reais do Cristianismo. E ele não se rendeu ao desequilíbrio, com essa influenciação direta dos que intentavam envolvê-lo em seu estado mental doentio, servindo-se do aviltamento de princípios eternos para fazer o convite ao suicídio.

Fonte: Reformador – fevereiro, 1965